é produtora executiva da
co-coordena a
entre o cinema, artes e preservação
faz
de artes visuais
desenvolve
gráficos e curatoriais
é editora da
toca a
Braice larfiar, braice ler
texto de caneta hidrocor em papel
2017-2022
Engraxates, carregadores de malas e outras crianças de 7 a 15 anos de idade conviviam com viajantes da estação ferroviária de Herval d’Oeste, no oeste de Santa Catarina, no anos de 1950. Para sobreviver, comprar gibis e ir ao cinema, driblar fiscais, policiais e até os próprios pais, inventaram uma língua própria. Hoje, décadas depois, a Larfiagem aparece como memória de seus últimos falantes, agora adultos, mas que ainda conhecem, ensinam e decifrar os segredos de seus substantivos e pronomes.
A larfiagem é um criptoleto, uma língua de códigos que sempre se manteve pela história oral, sendo falada como uma língua de gueto, no espaço urbano de uma região rural.
Após a realização do documentário Larfiagem (documentário, 18’, 2017), com a colaboração de Nico Dallacosta, um dicionário foi elaborado e, consequentemente, a língua apareceu em sua forma escrita. Do mesmo modo que a língua falada, quem é do grupo, quem sabe da língua, quem sabe falar: sabe ler.
Este trabalho traduz (ou criptografa) frases de militância como um paralelo aos pixos urbanos com palavras de ordem, frases de trabalhos de outros artistas e desejos que são gritados em manifestações ou inscritos em espaços públicos.
Filme, extras e dicionário da larfiagem, disponíveis em: www.gabibresola.com.br/larfiagem
english
Braice larfiar, braice ler
text written using felt tip marker on paper / 2017-2022
Show shine boys, porters and other children aged between 7 and 15 lived with travelers at the Herval d’Oeste railway station, in western Santa Catarina, in the 1950s. In order to survive, they buy comic books and go to the movies, dodge controllers, police officers and even their own parents by inventing a language of their own. Nowadays, decades later, Larfiagem appears as a memory of its last speakers, now grown-ups, but who still know, teach and decipher the secrets of its nouns and pronouns.
Larfiagem is a cryptolect, a language of codes that has always been maintained by oral history, being spoken as a ghetto language, in the urban space of a rural region.
After the documentary Larfiagem making process (documentary, 18’, 2017), with the collaboration of Nico Dallacosta, a dictionary was elaborated and, consequently, the language appeared in its written form. As it happens with the spoken language, who belongs to the group, who knows the language, who knows how to speak, knows how to read.
This work translates (or encrypts) political activism sentences as a parallel to urban spray paintings with slogans, phrases from works by other artists and desires shouted out loud in demonstrations or inscribed in public spaces.
The film, extras, and a larfiagem dictionary are available at: www.gabibresola.com.br/larfiagem
français
braice larfiar, braice lire
texte écrit à stylo feutre sur papier / 2017-2022
Cireurs de chaussures, porteurs et d’autres enfants âgés de 7 à 15 ans coexistaient avec des voyageurs à la gare d’Herval d'Oeste, dans l’ouest de l’État de Santa Catarina, dans les années 1950. Pour survivre, acheter des bandes dessinées et aller au cinéma, s’échapper des autorités fiscales, des policiers et même de leurs propres parents ont inventé leur propre langue. Aujourd’hui, quelques décennies après, Larfiagem apparaît comme une mémoire de ses derniers locuteurs, adultes d’aujourd’hui, mais qui savent, enseignent et déchiffrent encore les secrets de ses noms et pronoms.
Le larfiagem est un cryptolecte, une langue de codes qui a été gardé par l’histoire orale, étant parlée comme une langue de ghetto, dans l’espace urbain d’une région rurale.
Après la réalisation du documentaire Larfiagem (documentaire, 18’, 2017), avec la collaboration de Nico Dallacosta, un dictionnaire a été élaboré et, par conséquent, la langue est apparue sous sa forme écrite. Comme la langue parlée, ceux qui appartiennent au groupe, qui connaissent la langue, qui savent parler : savent lire.
Ce travail traduit (ou crypte) des phrases de militantisme comme un parallèle aux graffitis écrits urbains avec des slogans, des phrases d’œuvres d’autres artistes et des désirs qui sont criés lors de manifestations ou inscrits dans des espaces publics.
Film, archives supplémentaires et dictionnaire de Larfiagem, disponible sur: www.gabibresola.com.br/larfiagem
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- Distribuído como lambe na cidade de Herval d'Oeste e Florianópolis.
- Parte do livro “Ma, viu” publicado na coleção Vazante, Cais editora, 2022.